domingo, 21 de novembro de 2010

Quando estou em paz. O mundo e o Cristo Redentor. ("Samba do avião")

Meu professor de Ética passou como exame final a seguinte proposta, baseada no texto "Ver o invisível", de Nelson Brissac: O que você fotografaria se o mundo estivesse em paz?
 


Não considero a hipótese do mundo estar em paz. Considero, então, a minha paz, eu estar em paz, o que já é bastante difícil. Principalmente no Rio de Janeiro, onde tudo é tão belicoso. Eu brigo. Mas um dia, numa tarde, no meio do caos, fui ao Cristo Redentor. E era tarde. E foi no Rio. Assim, por alguns minutos estive em paz. A Terra é azul. "Vejo o Rio de Janeiro. Braços abertos, sobre a Guanabara."

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

As unhas de Christianne

“Amor à manicure é fato. Tenho uma fiel, a Suzy. Ela morre de rir comigo e vibra de felicidade toda vez que pinto as unhas do pé de vermelho. Isso porque é um fato raro e ela diz que fica um "escândalo de linda". Gosto de inovar e escolho o esmalte de acordo com o clima, com o meu humor, com os acontecimentos da semana ou com a programação do fim de semana. A falta de tempo é um grande problema. Sorte a minha que na falta dele, consigo dar um jeito próprio, mesmo que depois tenha que ouvir da Suzy: "Você mexeu aqui? Tá tudo picotado..." Quando a gente é mais nova, a gente faz a unha pro fim de semana. Mas, com a idade e os afazeres, a gente acaba pensando em ter a unha bonita pra não fazer feio no dia a dia do trabalho. Já guardei meus esmaltes em vários lugares, mas atualmente estou muito satisfeita com o lugar em que eles estão. Uma maletinha média, perfeita para a quantidade que tenho. Apesar de nunca ter parado pra contar. Compro um e jogo fora outro. Sempre tem algum muito velho e duro guardado. Aliás, outro dia, numa emergência, pintei minha unha do pé com um desses, velho, já vencido, chamado Véu. Mais um esporro da Suzy. Minhas unhas tinham ficado completamente amarelas. Por que será?? Atualmente o meu grande problema, a grande questão é: que sapato usar??? Praticamente todas as minhas sapatilhas estragam ou mancham o unha do dedão do pé. Esse problema não se restringe às Melissas. E eu, como ávida apreciadora de sapatilhas, fico num mato sem cachorro. Já me peguei com câimbra no pé, de tanto tentar diminuir o dedão. Acho que pra isso não tem solução. Minhas unhas são generosas com os esmaltes. Raramente descascam, apesar de lavar roupa, lavar louça e tomar banho de esponja. O problema é a cutícula....”

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Joice

Aproveitando a capa da revista O Globo do último domingo (14/11), também quero falar alguma coisa sobre esmaltes. Gostaria, na verdade, de colocar algumas questões relacionadas ao amor ao esmalte. Nem preciso dizer que eu sou uma daquelas que os amam. Não sei se, como disse a reportagem, somente por causa do desfile da Chanel de 2007. Acho os esmaltes objetos de consumo tão baratos, e em tudo eles me seduzem. Além do preço, sempre em torno de R$ 2,00 (não gosto dessa jogada da Colorama de inventar linhas diferentes e cobrar o dobro do preço pelo vidrinho), o design das embalagens, os nomes dos esmaltes, e, sim, claro, a cor. Tenho uma marca preferida, a Impala, porque, na minha mão, são os esmaltes que mais duram. Recentemente conheci uma marca ótima chamada Hits Speciallità, com cores bonitas, preço na faixa e ótima duração. Quando estive na Holanda, fiquei louca com a loja de departamentos Hema, que possui marca própria de esmaltes, com vidros lindos (amo vidros quadrados) e cores diversificadas. O preço, mesmo em euro, é em conta.

Mas escrevo porque o amor ao esmalte me traz algumas questões, e ainda não li um texto que as abordasse. Primeiro, amor ao esmalte requer, necessariamente, amor à manicure, porque eu não sei fazer as minhas próprias unhas (sei que muitas sabem, mas me dirijo, então, àquelas que não dominam essa técnica). E, como trata-se de amor, embora o amor ao esmalte permita certa promiscuidade (são tantas marcas e cores, a gente não precisa ser fiel a um único esmalte), o amor à manicure, não. É preciso fidelidade à manicure, o que às vezes te exige muito, é verdade, mas, por outro lado, traz generosas compensações. Entre outras tantas, consigo pensar: ela sempre vai te atender, não importa a fila e o horário; esqueça os bifinhos, entregue suas mãos com segurança; o acabamento será perfeito. Eu, por exemplo, tenho uma manicure do coração. Ela é tão do coração, que antes de eu sequer saber o que era esmalte, Joice já fazia as unhas da minha mãe. É uma senhora de 67 anos, linda, vivida, aquariana e moradora de Vila Isabel. Pode parecer afetação, mas só ela saber fazer as minhas unhas do pé. E, quando por alguma necessidade prática preciso fazer as unhas da mão com outra profissional, sinto que estou traindo a Joice. Portanto, a minha primeira questão: aquelas que têm amor ao esmalte também sentem, nesse amor, a demanda do amor à manicure?

Ok, outro ponto: onde guardar? Já experimentei de tudo, de caixa de ferramentas à caixa de sapatos, passando por gavetas e nécessaires. Considero a minha coleção de esmaltes bastante modesta, são em torno de 30 vidrinhos. Fico pensando nas mulheres que têm 400, 500 vidros de esmalte em casa. Como vocês fazem?

E os sapatos que estragam as unhas do pé, ninguém nunca passou por isso? Assim como tenho amor ao esmalte, também adoro as sapatilhas da Melissa. Mas alguns modelos amassam ou mancham as unhas do pé, quando estão pintadas. O campana e a sapatilha Isabela Capeto. Na última edição da Vogue Brasil eles sugerem os esmaltes claros, nude, a onda dos coloridões está passando. Eu sempre fui fã do Pó-de-arroz da Risqué, e agora meu novo amor é o Nude clássico da Impala. Mas gosto de usar cores contrastantes no pé. Combinar um tom claro na mão com vermelhão no pé, ou azul-cobalto (Paparazzi, da Impala), ou laranja, ou verde. Mas isso significa abdicar de alguns sapatos da Melissa por, pelo menos, uma semana. Todas passam por esse problema?

Outra pergunta: a reportagem da revista O Globo dizia que algumas mulheres fazem as unhas até duas vezes por semana. Como? O tempo não é uma questão pra vocês? Quanto tempo vocês levam pra fazer pé e mão? Eu gostaria de fazer as unhas pelo menos uma vez por semana, mas às vezes o tempo não deixa. São muitas as amantes do esmalte que têm tempo de fazer as unhas toda semana, ou até mais de uma vez por semana?

E como fazem com os afazeres domésticos? Porque lavar louça acaba com qualquer unha, todo mundo sabe disso. Minha mãe me ensinou o truque de usar umas luvas de plástico. Mas é tão ruim lavar a louça com esse troço. Não dá pra sentir direito o prato e nem a gordura, o serviço acaba ficando mal feito. Existe algum outro truque que eu desconheça?

...

Se tivesse que inventar uma cor de esmalte chamada Joice, ela seria marrom puxando pro dourado, cintilante.




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eu pixo, tu pixas, ele pixa

Ainda mais catártica e gratificante do que a cena em que o capitão Nascimento espanca um político no filme Tropa de elite 2, é a cena do documentário Pixo, de João Wainer, em que Pixobomb picha a galeria da Escola de Belas Artes da USP, como trabalho de conclusão do curso.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os sapatos da Imporium

A Imporium é uma ótima boutique de sapatos, com lojas em Ipanema, Barra da Tijuca, Tijuca, Icaraí e Centro. A pior coisa que pode acontecer a uma mulher magoada é ela estar com o salário inteiro na conta. Acordei na Tijuca decidida a comprar um sapato. Lembrei da Imporium, namorei a vitrine (e gostei), entrei pra comprar uma sapatilha confortável ou uma sandália rasteira. O calor infernal do Rio de Janeiro começa a mostrar as garras. Experimenta duas, cinco, vinte, escolhi apenas uma. Conquista. Na Imporium o preço é acessível e a maioria dos sapatos é de muito bom gosto, quase sempre você sai de lá com duas caixinhas na mão. Optei por uma linda sapatilha azul metalizado, bico redondo, raiz dos dedos à mostra. “Estilo francês”, a vendedora, Rafaela, muito simpática, me disse. Charme com a saia rosa que eu vestia (blusa branca). Adoro texturas que dão vontade de comer. E a cor dessa sapatilha é de um azul aprofundado pelo metal, com bordas ouro velho e lacinho (claro). “Verão glam”, já disse a capa de setembro da Vogue Brasil. E um pedacinho desse glamour por apenas R$ 69,90.

Bem, escolhido o sapato, estou eu no caixa conversando com Rafaela quando ela pergunta: “Você gosta de oxford?” É claro que gosto de oxford! Principalmente o oxford prata velha que ela me mostrou. Lindo, confortável, chique, versátil. Sapatos oxford são uma peça chave pra qualquer mulher. Simboliza sedução e poder. Revolução deliciosa quando a mulher subverte o calçado masculino e pode usá-lo com saia, vestido, short, em todas as cores que quiser: laranja, verde, dourado, branco, bicolor, preto. Adoro, por exemplo, vestir oxford com vestido longo ou saião. Me parece uma roupa do século XIX. É claro que acabei levando o oxford também, apesar do preço mais salgado (R$ 179,90).

O site da Imporium funciona bem, é prático, com fotos ótimas. Há um vídeo de abertura ótimo. E a loja tem um blog bem bacaninha, com link de acesso no site. Só fiquei triste por não achar uma foto da minha sapatilha glam por lá. Do oxford, encontrei nas versões bicolor azul, bordô e preto, e gelo (eles chamam de porcelana).


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Crise de indumentária I

Chegar aos 30 anos não é fácil. Nem aos 20, e muitíssimo menos aos 15, é verdade. Mas nessas idades menos avançadas a dificuldade está, pelo menos pra mim esteve, em aspectos menos palpáveis e mais conceituais. Eu nem lembrava que tinha corpo. Ou melhor, meu corpo era lembrado sempre como um instrumento de poder. Hoje, chegar aos 30, o jogo é outro. A dificuldade está no mais tangível, no literalmente palpável. Meu corpo passa por uma transformação tremenda, talvez ainda maior – porque agora sou consciente – do que aquela que disse respeito à transição criança-adolescente. São formas estranhas a mim: um braço mais arredondado, dobras extras, pernas mais grossas, rosto marcado. Balzac diz que somente a partir dos 30 anos a mulher mostra a personalidade no rosto. Descubro com dificuldade que posso ser mais gostosa assim: maior e mulher. Ontem, quando namorava, meu homem me apertou, apertou a carne que fica por cima da costela. E eu me senti segura. Não tive vergonha ou medo do excesso.

Mas a crise da idade aponta para outra, a crise de indumentária. Esse é apenas o primeiro capítulo de uma novela que, acho, ainda vai durar algum tempo. O que vestir nesse outro corpo? Qual imagem eu quero passar? Quem eu quero ser pro mundo? E pra mim? Quais as cores que me cabem agora? Há algum tempo meu armário tende a ficar mais monocromático: muito preto, branco e bege. Cinza e pouco vermelho. Muita saia preta e calça jeans. E às vezes me sinto tão velha. Outro dia ataquei duas minissaias: uma rosa e outra roxa. Percebi também em mim uma procura pelos tecidos que aparentam serem mais naturais e leves. Agora observo o caimento. Procuro os sapatos de salto médio, mas não resisto a uma Melissa/Jelly. Amo os Oxfords e sou fã de All Star. Parcelo em mil vezes sem juros uma compra na Uncle K e descubro o site All Bags, com mochilas incrivelmente coloridas. O fato é que se vestir tornou-se um ato elaborado, em que estão implicados diferentes fatores, que vão do humor ao bolso. Tangenciando tempo, clima, local, ocasião, acompanhante e dia do mês.