quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bye bye Facebook


Resolvi sair do Facebook. Hoje. A revista Piauí de fevereiro publicou ótimo artigo de Zadie Smith sobre o Facebook, seu criador, Mark Zuckerberg, e as diferenças entre as gerações 1.0 e 2.0. O texto é muito bom, inspirador, e está (acho que) integralmente no site da Piauí. Muito do que estou dizendo aqui é parte do que Zadie Smith diz lá.

Definitivamente, sou da geração 1.0. Ainda bem.

E justamente por eu ser da geração 1.0, o primeiro motivo que me leva a sair do Facebook é o tempo que se gasta na rede social. Veja bem, eu não entendo o tempo ocupado com o Facebook como algo produtivo, muito menos criador. Acho uma perda de tempo. É uma grande falácia essa história de que o Facebook serve como uma rede de trabalho. Pelo menos pra mim, não. E como é absolutamente viciante, para uma pessoa da geração 1.0, gastar tempo em futilidades na internet, a melhor solução é, como disse o próprio criador do site, deixar de “seguir em frente”.

Sim, porque eu posso seguir pro lado, pra trás, pra diagonal, pra cima, pra baixo, e esse é, na minha opinião, o segundo problema do Facebook: a padronização de sentimentos, gostos. A obsessão por listas. A classificação ostensiva de seus usuários.

Outro fator desagradável do site de Mark Zuckerberg, que se relaciona com o enquadramento que o Facebook faz de seus usuários, é seu caráter extremamente invasivo. A circulação de informações sobre a vida de cada um é intensa. O Facebook sugere que você diga suas cidades natal e atual; seu sexo; data de nascimento; o que te interessa – homens ou mulheres? (e se eu me interessar por cachorros?); você fala algum idioma?; fale sobre você; eleja pessoas de destaque; diga onde você trabalha, onde estudou na universidade e na escola; você tem uma religião? descreva-a; você tem uma preferência política? descreva-a; há alguém que te inspire?; conte-nos suas citações favoritas; quais as músicas de sua preferência? faça uma lista; e os livros? outra lista; filmes, lista; televisão, jogos, lista; você pratica algum esporte?; qual seu time favorito?; ah, sim, claro, e seu atleta favorito?; nos fale das suas atividades, dos seus interesses; adicione seus e-mails; nomes de tela do IM (eu nem sei o que é isso); telefone, endereço, site.

O Facebook quer saber absolutamente tudo sobre você, sem, na verdade, se interessar por nada. O que importa é que você preencha, que você faça parte. Esteja conectado. É claro que o preenchimento é opcional, mas, então, se eu não preencho nenhuma dessas informações, se o site não me serve como prospecção de trabalho, se eu tenho telefone, celular, e-mail, pra que diabos ter uma página no Facebook?

A questão colocada por Zadie Smith em seu artigo é que a tônica do Facebook, inúmeras vezes anunciada inclusive por seu criador, é a conexão pela conexão, não importando a qualidade dessas ligações. A que serve esse tipo de conexão? E, ainda além, pra quem servirão? É fato conhecido o projeto “Facebook Connect, em que os usuários terão a ‘possibilidade’ de ‘conectar’ sua identidade do Facebook a qualquer site”. Nos reduziremos, então, às classificações idiotas do Facebook, seremos plataformas consumidoras. E o Zuckerberg vai ser o homem mais rico do mundo.

Por coincidência, também li essa semana uma matéria na revista Época de 21 de fevereiro sobre o Google Boutiques, que “dá sugestão de looks, deixa que outras pessoas opinem sobre suas escolhas e dirige” – é claro – “para lojas virtuais”. O último parágrafo da matéria é bastante curioso:

“Os sistemas de indicação estão se generalizando. Podem começar a ser usados para vender comida, carros e até imóveis. Chris Anderson, editor da revista americana Wired, escritor e guru de tecnologia, diz que estamos saindo da era da informação para entrar na era da recomendação. Primeiro, surgiu a internet com um volume cada vez maior de informações. Quando o volume cresceu demais para as pessoas encontrarem aquilo que desejam, surgiu a recomendação. Hoje, boa parte de nosso tempo é gasto com sites, filmes e notícias que nossos amigos indicam no Facebook, no Orkut ou no Twitter. Pode ser perda de tempo, ou não. Nos sites de moda, as indicações ajudam. São uma espécie de atalho que, mesmo tosco, mesmo às vezes errando feio, economizam tempo que seria gasto vasculhando aleatoriamente. Se não servirem para mais nada, sites como o Boutique vão ajudar você a chegar a um modelo e a uma cor de roupa que mais tarde podem ser testados de verdade no provador da loja.”

Se estamos vivendo a transição da era da informação para a era da recomendação, o que virá depois, provavelmente, será a era da imposição. E uma imposição velada. Eu compro uma roupa não porque eu gosto, eu quero, ela me cai bem, mas sim porque o Google ou qualquer outro site que o valha me disse que cairia bem, e assim eu passei a acreditar que ela cai bem. Sem nem mesmo, como lembra o final do texto, eu ter experimentado. No fundo, e pensando bem enquanto escrevo esse texto, acho que a gente já vive essa era da imposição desde que o marketing surgiu.

O grande barato da internet é a democratização do conhecimento. Mas parece que agora, com essa onda da recomendação, isso passou a ser o problema. Quanto mais informação, melhor! O que é lixo virtual para alguns não é para outros. Por que eu preciso que um site me diga o que me cai bem? Eu tenho um cérebro, tenho sentimentos, tenho memória, gostos pessoais para saber procurar o que me serve na internet, o que é bom pra mim.

Ao ler a matéria da Época, assinada por Daniella Cornachione, lembrei de um poema de Luís de Camões que trata justamente sobre o verbo errar, sendo entendido em seu duplo significado: deixar de acertar; perambular, vaguear. Exatamente aquilo que a autora chama de “tempo gasto vaculhando aleatoriamente”.

“Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
a grande dor das cousas que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
dei causa que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse que fartasse
este meu duro génio de vinganças!”

...

E pra quem gosta da vida real, hoje o artista plástico Léo Uzai abre exposição no albergue Z.Bra (av. Gal. San Martin, 1212, Leblon).



 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Eu uso chapéu


Outro dia estava andando (ou melhor, correndo) atrás de mostras no Saara, literalmente quase morrendo de calor, quando cruzei com a Chapelaria Alberto, tradicionalíssima casa de chapéus do Rio de Janeiro. Foi impossível resistir, e eu nem quis. Estava procurando um chapéu bacana há algum tempo, e lá com certeza encontrei. Usar chapéu é um charme. Protege do sol, dá um it em qualquer roupa, e ainda deixa a gente com um ar misterioso-meio-século-XIX.

Além da Chapelaria Alberto, lembrei do Denis Linhares, que faz chapéus incríveis no Shopping dos Antiquários, na rua Siqueira Campos, em Copacabana. E ontem, domingo, saiu na revista do jornal O Globo um blog muito lindo de meninas talentosas que fazem arranjos de cabeça. Pro carnaval, ou não. É o Can-can.



Foto de Fabio Adolpho

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Nina Simone

O turbante, os brincos, o vestido amarelo e preto. A voz. O cenárido do show. O piano. E os braços, claro.

 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Coisa de mulher

Algumas máximas "indumentarianas":
 
Levo perfume na bolsa.
Eu me odeio.
Vou colocar mega-hair.
Chicabon é o melhor sorvete do mundo.
"Quando você comprou esse tarô?"
Que cheiro é esse?
Peso 300 quilos.
E portanto amanhã estarei na academia às seis da manhã.
Vou jogar fora todo o meu armário.
Ai, que bolsa linda.
Não sou louca.
Nunca mais eu como no Mac Donald's.
Raspei a cabeça.
Preciso de uma boa costureira.
Eu me amo.

...

Há pouco tempo conheci o blog Devoradora de estórias. Os posts são bem escritos, gostosos de ler. A gente se sente mesmo uma devoradora de estórias.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Marinha

Uma amiga psicóloga, a Christiane, acabou de ser aprovada no concurso da Marinha. Olha a roupa bárbara que ela usou na comemoração de seu aniversário, que foi agora em janeiro. Um lindo e inteligente exemplo de como as roupas dizem e fazem acontecer. Isso é estilo!


Vestido azul com bolinhas brancas, Marinha feminina

O sapato de cetim azul-marinho com poás brancos

E o detalhe do brinco de pérola. Arrasou!