Meus cabelos brancos estão crescendo em grande velocidade. Eles proliferam. É uma progressão geométrica, uma progressão sem fim. O que eu faço? Arranco, corto, raspo (para sempre), passo henna, tonalizante, pinto de super-blond-Marilyn-Monroe? Ou assumo o meu cabelo grisalho? De uns tempos pra cá, sinto perfeitamente quando meus cabelos brancos crescem. Eu sinto mesmo, imagino e até consigo ver o fio se alongando: forte, grosso, branco. Um escândalo. Mas eu não sei o que fazer. Durante um tempo fingi que não via. Depois, optei por mostrá-los aos mais próximos, escandalizada (justamente), me fiando nos comentários “Imagina, não tem nada aí!”. Mas quando os comentários se tornaram “São só uns pouquinhos”, para em seguida “Eu também tenho” ou “Eu também tenho desde jovem”, eu passei a me preocupar. E acontece que eu não sei o que fazer. Isso é uma crise de indumentária? Afinal de contas, ter cabelos brancos é um modo de vestir. De me vestir. Às vezes nossos corpos são as roupas mais difíceis, mais complicadas. As mais caras.
Como é árdua essa nossa chegada aos 30, a essa realidade de quase balzaquianas! Eu ainda não sofro com os cabelos brancos, mas a cada dia me deparo com o crescimento da minha marquinha de expressão na testa, dos meus pés de galinha, com uma pele mais flácida embaixo do olho... E é impossível não ter "crise de indumentária". Ao mesmo tempo em que não quero abrir mão do meu estilo de menina coloridinha - talvez quase igual ao que você conheceu 10 anos atrás nos primeiros dias de aula na Faculdade de Letras da UFRJ-, fico me perguntando se esse visual combina com a senhora de 28 anos que me tornei.
ResponderExcluirBem, vamos crescendo/envelhecendo juntas e falando sobre essa difícil experiência, porque é sempre bom saber que não somos as únicas vítimas do tempo.